Quando minha mãe estava grávida de mim, o grupo vocal Os Diagonais (Cassiano e seus irmãos Camarão e Amaro) ensaiaram algumas vezes no apartamento onde meus pais moravam. Minha mãe Luzia sempre contou essa história confirmada depois pelo Cassiano.
Apesar dessa proximidade na gestação, minha família via com boa frequência o irmão do Cassiano, o Camarão que fez parte da banda Taxi. Camarão o melhor falsete que o Brasil já teve, nível G. Duke, P. Bailey, Stylistics etc. Conhecia o Cassiano lendo as fichas técnicas dos discos do Tim Maia, demorei para conseguir um disco dele, e para conhecê-lo pessoalmente. Meu primeiro show em São Paulo, em 1986 no Rose Bombom foi marcado pela emoção de ter encontrado de tarde o 1º disco dele, Imagem e Som, na loja Wop Bop que eu costumava comprar pelo correio via revista Som Três na época. Quem promoveu meu primeiro encontro com Cassiano foi seu parceiro Paulo Zdanowsky, me lembro da cada detalhe daquele dia. Era um churrasco na casa do Renato Massa num Domingo, tinha uma jam session de vários músicos quando o Paulo conversando comigo falou: o Cassiano mora aqui em Santa Teresa, topa conhecer o mestre agora? Tem dias que valem por um século e esse foi um deles. Cassiano nesse dia usava um violão construído por ele, ele sabia de eletrônica também, tem projetos, invenções. A partir desse encontro, ele foi algumas vezes na casa dos meus pais, gravamos uma música dele como relatei essa semana. Cozinhava bem, a primeira vez que comi um purê de batata doce, foi feito por ele já morando no Catete. Me lembro de uma frase engraçada “confio em você porque gosta de pimenta”. Uma coincidência do destino, moro há mais de 20 anos, na mesma rua onde ele morou no Jardim Botanico, no começo dos anos 90. Nessa época ele tinha um piano em casa, ele sabia tudo no piano. Junto com Johnny Alf que apresentava a forma de cantar do jazz, Cassiano é o maior esteta da voz nesse país. Uma coisa é ter uma voz boa, e outra é saber cantar... Para cantar um tema do Cassiano “comme il faut” é preciso estudar o canto da Norte América, a fonte óbvia e ululante do soul (não “da” soul... “da” jazz, “da” samba, “da” reggae... Deus ajuda please) Cassiano 4ever.
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